Em 2007, MIRO lançou seu CD solo pela GRAVADORA VERTICAL. O trabalho, intitulado “UM CANTO MEU”, conquistou público pela autenticidade e profundidade das composições, cujas letras são escritas e interpretadas pelo próprio MIRO, com arranjos dele e de NELCY VARGAS.
O CD contém algumas faixas bailáveis, mas é, basicamente, um trabalho introspectivo, para sentar e ouvir na hora do mate.
Clique sobre o nome da música para saber mais sobre ela. Este espaço tem o objetivo de proporcionar aos interessados, com palavras do próprio autor, uma rápida ideia sobre o conteúdo das letras, desde o tema até o objetivo e/ou a intenção com que cada uma delas foi concebida.
Retrata a saga de algumas pessoas cuja vida é uma constante estrada, numa eterna busca de algo indefinido, talvez de si próprias. A letra traz uma ligeira pincelada mística, induzindo o ouvinte à possibilidade de que o motivo dessa busca possa estar em outras vidas.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Eu tenho uma alma inquieta, que trouxe de herança,
e uma sede de andança que nunca tem fim;
no peito, um sonho xucro que jamais se amansa,
da cor da esperança e da flor do capim.
E toda a vez que eu penso que é o fim da jornada,
que, enfim, vou dar morada às razões por que vim,
tem algo que me empurra, de novo, pra a estrada;
e eu parto pra o nada, em busca de mim!
REFRÃO
E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei!
Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei!
E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei!
mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei!
Talvez seja saudade essa visão confusa,
que chega e se recusa se eu mando sair;
são dois braços abertos, um rosto risonho,
um abraço e um sonho sem ter que partir.
Há quem diga que eu trago, de vidas passadas,
imagens desgarradas de um tempo por vir;
talvez seja por isso que eu sinta esses laços
guiando meus passos na hora de ir!
REFRÃO
.....
Às vezes, me perguntam se fujo por medo;
se tenho algum segredo que o tempo escondeu.
Disfarço e digo, apenas, que sou mesmo amante
da sina de andante que a vida me deu.
Mas sei que, bem no fim de uma estrada deserta,
acho a morada certa pra o sonho que é meu;
aí então, sem medo, eu me troco por nós;
quando dois ganham voz, não se fala mais eu.
REFRÃO
.....
É uma chamarrita de mensagem bem positiva, cuja missão é alegrar o disco. Apesar dos pesares, quem aprende com os tombos da vida, aprende também que ela é bonita.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
No compasso da chamarra,
entre a prima e a bordona,
eu retruco, na guitarra,
os lamentos da cordeona;
e um recuerdo se desgarra
no chiado da cambona.
REFRÃO
Já passei por trecho duro, mangueando a alma solita;
mas, fui peleando no escuro e maneei a sorte com a fita.
Fiz payada dos azares; das tristezas, chamarrita;
porque, apesar dos pesares, eu acho a vida bonita. (bis)
Tenho alma de cigarra,
vista buena de chimango;
me gusta mucho la farra,
las milongas y los tangos;
e o resmungo da guitarra
no luzeiro de um fandango.
REFRÃO
.......
Nesta sina de teatino,
só me sobra o que mereço.
Não sou dado a desatinos
nem sou santo, reconheço;
e algum tombo do destino,
guitarreando, eu agradeço.
REFRÃO (bis)
.......
Descreve o que penso do ritual sagrado do mate. É muito mais do colocar a erva e a bomba na cuia. É um momento de introspecção, em que sorvemos a vida e nossos pensamentos passeiam pelos mais distantes recantos do potreiro da alma.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Cansado de estrada e da vida cigana
que a sorte mundana reservou pra mim,
juntei uns trocados da lida tirana
e ergui o meu rancho, de barro e capim;
e é onde me sento, já de mate feito,
pois, pra ser perfeito, tem que ser assim,
pra aquecer a alma no sol que ainda arde
e olhar a tarde tranqueando pra o fim.
REFRÃO
Na hora do mate, refaço caminhos
que o tempo daninho teima em apagar;
e, ao sabor do mate, repasso lembranças,
renovo esperanças pra, de novo, andar!
E, quem sabe, um dia, nesse beijo amargo,
a morte, “a lo largo”, me encontre a matear
e eu vire uma estrela que, no céu, se estampa
para olhar a pampa’a dormir e sonhar?
Elevo, em silêncio, em meio à quietude,
a prece dos rudes ao Patrão dos pais;
pra quem tem um pingo, um rancho e saúde,
nem é atitude querer muito mais;
mas peço que, um dia, meu rancho se cubra
de uma luz tão rubra quanto o sol que vai,
e o amor se faça, num colo moreno,
de suor e sereno da noite que cai.
REFRÃO (bis)
...
É mais uma vaneira leve, para contrabalançar as letras de conteúdo mais profundo. Retrata apenas a folia costumeira de nossos bailes tradicionais.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Olha aí a vaneira, mandando avisar
que vem descendo a ladeira, fazendo o chão balançar.
Olha a gaita manheira, que só falta falar!
Pode ir fechando a porteira, que o baile vai começar!
Olha a moça faceira, que acabou de chegar;
vem balançando as cadeiras, jogando charme no ar!
Cuidado, moça solteira do feitiço no olhar,
que eu não tenho eira nem beira, mas não me custa casar!
REFRÃO
E o gaiteiro, meio “choco”, toca só no dom;
num griteiro meio rouco, procurando o tom;
puxa o fole mais um pouco, pra aumentar o som,
que é pra o povo dançar!
E o namoro aperta o laço, que o compasso é bom!
Um passo sem contrapasso e outro passo com!
Deita na curva do braço e chega no batom
até o dia clarear!
Já é segunda-feira, nem quero lembrar
que vai a semana inteira, até que eu possa voltar.
Mas, já que eu tô na vaneira, eu quero mais é bailar;
quando baixar a poeira, se vê aonde vai dar!
Olha a estrela boieira, que veio anunciar
que o dia andava na zoeira
e, agora, quer se deitar!
Mas eu tô na brincadeira, ele vai ter que esperar!
Dei dez pra entrar na fogueira, dou cento e dez pra ficar!
REFRÃO
(Solo de Acordeón)
REFRÃO
...
Encaixa-se no estilo latino-americano. A letra busca retratar a saga da América Latina, cuja história é de opressão e exploração, desde Colombo até os dias atuais.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Numa aquarela, o Divino Pintor
pintou a mata, o rio e a flor;
no manto da noite, bordou pirilampos;
e os braços dos Andes se ergueram dos campos
louvando o Criador!
E, ao pé dos montes, a mão do Senhor
lançou misturas de raça e de cor;
os rios correntes e os ventos andinos
semearam sementes do povo latino,
na terra do condor!
Mas, pelos mares, chegou o pior;
vieram cobiças e o jugo opressor;
e esse solo sagrado se encharcou de suor,
na mão do explorador!
REFRÃO
América! Sul América!
Luta América! Une, América!
Não se explica a falta do pão
onde a riqueza já brota do chão.
Sombras estranhas impõem seu jogo,
desde a Amazônia à terra do fogo;
Pátria da exploração!
Mas o remédio que fecha as feridas
são vozes unidas dizendo que não!
A escravidão só será abolida
quando surgir uma América unida,
todos de mão na mão!
Grita que basta! e teu povo erguerá
muitas bandeiras, mas uma nação!
E o teu sangue latino, um dia, se mesclará
em um só coração.
REFRÃO (bis)
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É um convite na forma de xote, numa mensagem leve que busca levar a música e a hospitalidade gaúchas para além das fronteiras do Rio Grande do Sul, contrariando o preconceito de que gaúcho é grosso e só sabe falar tchê.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Tem gente boa por aí me criticando!
‘ Tá me marcando porque eu falo tchê!
Um simples “tu” já faz um rebuliço!
Não seja por isso, eu sei falar você!
Não sou de briga, mas sou da peleia;
chega e apeia, vamo’ esclarecer!
Eu sou gaúcho, tô de bem co’a vida
e, quem duvida, pague pra ver!
REFRÃO (bis)
Vem cantar comigo, vem me conhecer!
‘ Tá tudo preparado pra te receber!
Eu sou verde-amarelo, todo o mundo vê
que eu tenho a ginga brasileira, só que eu falo tchê!
São diferenças de vocabulário;
só sendo otário, pra não perceber.
Um baile bueno, pra mim, é um fandango;
tanto o relho como o mango servem pra bater.
Tem gente que acha que entende de tudo
mas, sem canudo, não sabe beber;
birita e canha dão no mesmo fiasco,
mas bife não é churrasco e nem tem nada a ver!
REFRÃO (bis)
...
Diz-se que eu sou grosso que é barbaridade!
Se for verdade, ‘tô vivendo igual!
Eu reconheço que até falo brusco,
chamo cachorro de cusco e potro de bagual;
mas o meu chão também é brasileiro!
Eu sou parceiro pra qualquer final!
Sou mais do xote, mas conheço o samba
e, se a coisa descamba, não me saio mal!
REFRÃO (bis – três vezes a última frase)
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É a música título do CD lançado em 2007. Retrata a reflexão silenciosa de um peão de estância que, diante do olhar de uma moça, se dá conta do cansaço de sua vida de andejo e decide buscar um canto para si. O título UM CANTO MEU tem duplo sentido. Um canto de cantar, por ser meu primeiro CD solo, e um canto de morar, a morada com a qual o peão sonha para se fixar e lançar suas raízes.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Encilhei o baio, ruminando a soma;
pra sobrar uns trocos do que eu recebi;
terminei a lida, entreguei a doma;
já não tenho nada pra fazer aqui.
Quando a vida cobra, não nos dá recibo;
quem não tem raízes tem mais que partir;
pisoteando a alma com o pé do estribo
e o peito sangrando não querendo ir.
REFRÃO
Quem sepulta os sonhos, paleteando a vida,
vai abrir feridas para a solidão;
se não se dá conta quando amadurece,
um dia, envelhece de freio na mão.
Quem cansou cavalos cuidando do alheio,
nem mesmo o arreio não sabe se é seu;
acho que chegou a hora da virada;
já cansei de estrada, quero um canto meu!
Tem algo diferente, na manhã de maio;
nem a liberdade não me satisfaz!
Fico disfarçando, ajeitando o baio;
e o olhar da moça me tirando a paz.
Como a terra se abre, quando o arado lavra,
dizem que um olhar nos abre o coração;
é quando a luz dos olhos diz mais que a palavra
e o calor da pele, bem mais que a razão.
REFRÃO (bis últimas duas linhas)
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Descreve arte xucra da doma, porém sem fanfarronices exageradas. Quem realmente doma sabe que, quem é dessa lida, já levou e leva tombos e aprende com eles. Tira das quedas o fortalecimento de sua arte e não aquela falsa ideia de super-herói de bombacha, que não conhece derrotas.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Eu já vim rico de berço.
Minha herança não termina;
é um mango na mão direita
e a esquerda cheia... de crina.
Quem golpeia xucros pra ganhar a vida,
já conhece a manha e a ciência da lida;
a laçada certa, quando vem se abrindo,
e o vento do coice que passa zunindo!
Se o perigo acena, de cima do arreio,
quando um pata branca sai coiceando o freio,
me agarro no manto de nossa senhora;
não morro de susto nem antes da hora!
REFRÃO
Porque eu nasci no rio grande; e aqui me criei,
com a fé dos humildes e o garbo de um rei.
Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu:
que de lutas só sabe quem sobreviveu!
Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu:
que de lutas só sabe quem sobreviveu!
Quem virou ginete, à custa de tombo,
conhece o cavalo no jeito do lombo;
o zebu que pula o varão da porteira
e o zumbir do laço queimando a madeira;
sabe que o tempo nos tira a confiança
e o valor da prece quando o braço cansa!
Mas, quando um maleva findar minha sina,
vou deixar, de herança, o mango e a crina!
REFRÃO (final)
Porque eu nasci no rio grande; e aqui me criei,
com a fé dos humildes e o garbo de um rei.
Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu:
que de lutas só sabe quem sobreviveu!
Porque eu nasci no rio grande; e aqui me criei,
com a fé dos humildes e o garbo de um rei.
Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu:
que de lutas só sabe quem sobreviveu!
Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu:
que de lutas só sabe quem sobreviveu!
Que de lutas só sabe quem sobreviveu!
De lutas só sabe quem sobreviveu!
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Resgata a inocência dos namoros antigos, que todos nós, um pouco mais velhos, conhecemos e dos quais temos saudades. Na letra, um homem maduro aborda uma moça bem mais jovem, com o respeito e o cuidado de quem se aproxima de uma flor rara. É uma aproximação tímida, cheia de um sentimento puro, bem diferente das propostas de "ficar" de hoje em dia, onde o respeito à pessoa do outro parece ter desaparecido. Na verdade essa aproximação se reveste de um encanto que só o verdadeiro sentimento propicia. Por vezes, nessas situações, a palavra encontra dificuldade em expressar a inquietude da alma.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Menina, eu tenho pensado que tipo de agrado posso te ofertar;
e já nem durmo mais direito, procurando um jeito de me aproximar;
é como se me acovardasse, diante dessa classe e desse olhar no chão;
e, ao rubor da tua face, minha voz calasse sem explicação.
Menina, eu ‘tô calejado de algum desagrado que a vida me fez;
mas hoje, diante do teu rosto, me voltou um gosto de primeira vez.
Menina, eu conheço um tanto da palavra pranto que os teus olhos têm;
e o sabor que vem no mate quando a porta bate por detrás de alguém.
REFRÃO
Porém me desfaço das penas, pra valer a pena;
a vida é uma estrada buena pra se andar a dois.
A gente se ampara um no outro nos primeiros passos,
E, amanhã, pensa nos passos que dará depois.
Se basta um sopro do destino pra mudar a sorte,
eu tenho um rancho de bom porte, ali, beirando o rio;
e me basta um sorriso de sim nesse rosto corado
pra nunca mais matear ao lado de um banco vazio.
Perdão se te causei espanto, te dizendo tanto, assim, de uma só vez;
perdão se toda essa ansiedade, de algum modo, invade a tua timidez;
faz tempo venho no sufoco, e conversar um pouco me fez bem demais;
mas tudo veio num relance, e se eu perdesse a chance não diria mais.
Eu sei que parece inseguro, pra um homem maduro, se portar assim;
mas é que já vivi bastante e achei importante te falar de mim.
Me sinto meio adolescente, aqui, na tua frente, com tremor na voz;
redescobrindo, no teu jeito, que o sonho é um direito que é de todos nós.
REFRÃO (bis últimas duas frases)
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Apesar da letra leve, cabível em toda a vaneira, aborda um pouco de nossos costumes, promovendo a conhecida hospitalidade gaúcha trazida para o cenário dos bailes.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Com licença, minha gente! Eu vou entrar!
Não sou daqui, só quero contar
de onde o céu é mais azul;
eu vim de lá;
eu sou do Sul e dá pra notar!
Minha terra é o Rio Grande, nesta Pátria Brasileira;
é um torrão de barro preto, bem pertinho da fronteira!
Cara alegre e água fresca, tem por lá;
se aperta a mão, do velho ao piá.
E se uma cordeona se espicha no balanço da vaneira,
a moçada alarga o passo, que nem boi manso em ladeira;
e essa turma do pagode vai gostar;
o tranco é o mesmo,
é só tentar!
REFRÃO
E a vaneira vem tinindo;
e o chão vai se abrindo pra a gente passar!
Se empilham os tamancos, debaixo dos bancos,
e o povo sai branco de tanto dançar!
Quando vai parar, repica
e o fole se estica pra lá e pra cá;
e a Chica parteira se ri de faceira
e sacode a caveira do jeito que dá!
La vanera es cosa buena de bailar
c’oa mão na mão, marcando no ar!
E a direita é na cintura do seu par!
Vem cá, morena, que eu vou mostrar!
Quero deixar o convite de uma gente hospitaleira,
pra comer uma costela, bem gorda e assada inteira;
e, depois, de-lhe bailanta, ao deus dará!
Quem não tentou,
tenta, que dá!
E se uma cordeona se espicha no balanço da vaneira,
a moçada alarga o passo, que nem boi manso em ladeira;
e essa turma do pagode vai gostar;
o tranco é o mesmo,
é só tentar!
REFRÃO (bis) A 2ª parte repete mais uma vez após o acordeón
É, sem dúvida, minha música mais conhecida. Já rodou e roda pelo mundo. A letra retrato um pai, homem rude e simples, sem grande estudo ou formação religiosa, que vem para a cidade para dar estudo aos filhos. Sentindo-se pequeno diante da dura realidade que cerca a questão de educar filhos no mundo de hoje, ele entra pela primeira vez em uma igreja em busca de apoio. O resto, a letra diz.
Obs: Pilares está repleta de erros de português. Mas são erros previstos, porque uma gramática excessivamente correta descaracterizaria a conversa íntima, entre uma pessoa aflita e seu Deus. Em vez disso, busquei criar uma linguagem bem coloquial, reproduzida no linguajar de um homem simples, sem grande estudo, mas com muita fé. É a linguagem do coração, não da gramática. Por isso há erros crassos, como iniciar frases com pronome oblíquo ("Me ajuda, Pai..", ao invés de "Ajuda-me, Pai..") e uso da regência verbal errada "criou a mim" (o correto seria "me criou"). Há outros, mas corrigi-los alteraria todo o sentido da coisa. Esta observação leva em conta que muitas das letras disponíveis neste site têm sido utilizadas em sala de aula.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Senhor dos Céus e da terra, fonte do afeto mais puro!
Perdão, se só te procuro quando me encontro em desgraça!
Mas reconduz nossa raça aos valores do início,
para que o teu sacrifício não tenha sido de graça!
Pai, vim conhecer tua morada;
me renovar na tua proteção;
vim seguindo os teus passos pela estrada,
co’a alma no olhar, chapéu na mão.
Meu sangue tem o sangue dos caudilhos;
meu mundo foi o lombo de um cavalo!
Mas esse mundo novo é o dos meus filhos
e, sendo Pai, bem sabes do que falo.
O homem, por ser livre, criou asas
e fez da liberdade uma prisão;
‘ tá tudo errado Pai, caiu a casa!
Por isso eu vim te abrir meu coração.
REFRÃO
Me ajuda, Pai! quero criar meus filhos
do jeito que meu pai criou a mim!
Me ensina a vencer tantos empecilhos
e acreditar no certo, até o fim!
Que a força da verdade ainda vale
do jeito que valia lá de onde eu vim!
Pois temo que meu filho, um dia, fale:
verdades mudam, pai, não é assim!
Tentei falar do amor e do respeito;
do tempo em que se amava uma vez só;
disseram que revisse os meus conceitos
pois tudo o que está velho vira pó.
Vejo meninas moças se vendendo,
já cegas pelo brilho dos anéis!
Casamentos de amigos se perdendo
jogados pelo ralo dos motéis!
Não deixa, Pai, que caiam os pilares!
Os poucos que ainda estão de pé;
lá fora, a droga ronda nossos lares;
e eu vim aqui pra não perder a fé!
REFRÃO (bis da 2ª parte)
É uma letra simples, que ressalta esse orgulho que todos temos da terra gaúcha. Busca mostrar que não concordamos com aquela tese que diz que o povo gaúcho comemora, em 20 de setembro, uma guerra perdida.
(Letra e Música: Miro Saldanha)
Eu aprendi a cantar versos
na solidão dos caminhos;
trouxe a sina dos sozinhos,
de quem já nasceu teatino;
e o meu canto peregrino,
meu companheiro de infância,
ia encurtando as distâncias
pra chegar ao meu destino.
Meu verso fala de apelo,
como uma mão estendida;
meu verso fala de vida,
por ser contrário à matança
de um povo de alma criança,
que ama a paz, não a guerra;
mas que, ao chamado da terra,
morre abraçado na lança!
REFRÃO
E já que, mesmo sem guerra,
não vou ficar pra semente,
quero uma cruz e uma campa,
bem perto da minha gente;
pra ter os pés sobre a Pampa
e olhar o mundo de frente!
-.-.-.-
Eu trago as lutas de um povo
no bojo de uma guitarra;
pois quem peleia, com garra,
bem que merece a vitória;
não que eu reivindique glórias
que o tempo nunca dará;
mas, onde se fez história,
um gaúcho estava lá!
Eu não renego a Mãe-Pátria,
mas meu sangue é farroupilha,
que envermelhou as coxilhas
em nome de um ideal!
E se, de um jeito brutal,
morreu tanta gente guapa,
é porque a história farrapa
merecia outro final.
REFRÃO (bis)